quinta-feira, 29 de julho de 2010

Tv dos Trabalhadores


Será lançada dia 13 de agosto, após 26 anos de tentativas, a Tv dos Trabalhadores.Com uma abordagem diferente o projeto do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho pretende ser um agenciador de informações e não apenas um emissor.

A Tv nasceu com a necessidade de ir contra o monopólio das mídias que comandam o Brasil atual. O que justifica o grande número de empecilhos para a sua outorga culminando em uma demora de 26 longos anos para a implementação do projeto.Ela que começou suas atividades produzindo pequenos vídeos, hoje, tem planos de voar alto produzindo um conteúdo sob uma nova perspectiva.

Segundo Valter Sanches, presidente Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho que foi criada em 1991 para facilitar os trâmites burocráticos da conquista, a proposta não é de uma Tv de metalúrgicos ou sindical. A proposta é que se construa uma Tv que seja produzida com o intuito de dialogar com a sociedade de uma maneira multidimensional, proporcionando assim a possibilidade de dar voz ao cidadão e permitir que se apresente o mundo ao mundo sob uma perspectiva diferente da que hoje é retratada pela grande mídia.

O projeto que atuará como uma “multiplataforma”, contanto com um portal na internet, plataforma de celular móvel, além, do canal de televisão tem uma programação constituída de programas interativos e colaborativos. Foram entregues 8 câmeras filmadoras e 5 celulares para membros de movimentos sociais e sindicatos. Espera-se por imagens e textos dos reais personagens da história. É o que analogamente, Marx chamaria da “entrega dos meios de produção aos trabalhadores”.Eles que são agentes e, portanto, produtores da sua realidade tem agora, voz.

A grade inédita a priori terá a duração de uma hora e meia e contará com o apoio da Tv Brasil para a complementação da sua programação. O telejornal, de trinta minutos, será o único programa diário e terá uma cobertura regional. A outra uma hora será complementada por uma programação composta por sete programas diversificados e interativos. Dentre eles destaques como o programa “ Boa gente”, que entrevistará pessoas que lutam ou lutaram de alguma maneira para uma obra coletiva, “ Memória e contexto” um programa temático que pretende através de um acervo de imagens e textos de 30 anos recontar a história dos movimentos sociais dialogando com o contexto atual, e o programa “ Click e Ligue” que fará uma cobertura das redes sociais que articulam-se com a pretensão de questionar e, se preciso, modificar a sociedade.

O canal será exibido no canal 48 UHF da região de Mogi das Cruzes, pela NGT, canal à cabo que cobre, através de parcerias, grande parte do território nacional e através de um acordo com a ACESP ( Associação dos Canais Comunitários do Estado de São Paulo ) será exibido por mais 26 canais comunitários. Espera-se pela conquista de parcerias para sua maior difusão e para a possibilidade de maior tempo de programação própria.
A estréia que acontecerá no CENFORP, Centro de Formação de Professores de São Bernardo do Campo, conta com a presença do presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, que na época em que era metalúrgico trabalhou com a produção de alguns vídeos para a Tv. A idealização vai, finalmente, virar realidade.

Por @carolinamandu

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Mais um paradoxo.

Reproduzo aqui o artigo publicado pelo site da Câmara dos Deputados no dia 14/07


"Comissão aprova obrigatoriedade de diploma para jornalistas
A proposta agora está pronta para ir a plenário, onde precisa ser aprovada por 308 deputados em dois turnos, antes de seguir para o Senado. STF derrubou a exigência do diploma no ano passado.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 386/09) que restabelece a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão foi aprovada nesta quarta-feira pela comissão especialComissão temporária criada para examinar e dar parecer sobre projetos que envolvam matéria de competência de mais de três comissões de mérito. Em vez de tramitar pelas comissões temáticas, o projeto é analisado apenas pela comissão especial. Se aprovado nessa comissão, segue para o Senado, para o Plenário ou para sanção presidencial, dependendo da tramitação do projeto. que analisou a matéria.
Pelo texto aprovado – o substitutivo Espécie de emenda que altera a proposta em seu conjunto, substancial ou formalmente. Recebe esse nome porque substitui o projeto. O substitutivo é apresentado pelo relator e tem preferência na votação, mas pode ser rejeitado em favor do projedo relator, deputado Hugo Leal (PSC-RJ), ao texto original, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) –, a exigência de graduação em jornalismo e o registro do diploma nos órgãos competentes deixam de constituir restrição às liberdades de pensamento e de informação. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a necessidade do diploma, sob o argumento de que restringia a liberdade de expressão.
Para evitar novas interpretações semelhantes à do Supremo, Hugo Leal incluiu na PEC uma referência expressa ao inciso XIII do artigo 5° da Constituição Federal. Esse dispositivo determina que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. "Queremos deixar claro que o jornalismo é uma profissão que exige qualificação e isso não impede a liberdade de informação e de imprensa", ressaltou.
Votação rápidaInstalada em maio, a comissão especial concluiu a análise da PEC 386/09 em pouco mais de um mês e meio. O relator disse que a votação ocorreu de maneira rápida porque foi objetiva, mas não superficial. Leal lembrou que todos os setores envolvidos foram ouvidos e mesmo aqueles que não compareceram às audiências públicas foram procurados por ele.O parlamentar, que é líder do PSC na Câmara, afirmou ainda que vai sugerir na próxima reunião com o presidente Michel Temer que a proposta seja incluída na pauta do Plenário durante os períodos de esforço concentradoDesignação informal para períodos de sessões destinadas exclusivamente à discussão e votação de matérias. Durante esses períodos, a fase de discursos das sessões pode ser abolida, permanecendo apenas a Ordem do Dia. As comissões podem deixar de funcionar. O esforço concentrado pode ser convocado por iniciativa do presidente da Câmara, por proposta do Colégio de Líderes ou mediante deliberação do Plenário sobre requerimento de pelo menos um décimo dos deputados (artigo 66 do Regimento Interno, parágrafos 4º e 5º)., antes das eleições.
Fenaj aprova medidaPresente à votação desta quarta-feira, o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo, afirmou que a entidade também vai procurar os líderes para garantir a continuidade da proposta. Ele destacou a importância da volta da exigência do diploma: “Nossa profissão não pode ficar do jeito que está. Vivemos uma situação absurda. Hoje não há critério nenhum para ser jornalista. No Distrito Federal, para ser flanelinha é necessário um registro no Ministério do Trabalho. No caso dos jornalistas, nem isso é preciso”.
A PEC 386/09 ainda terá de ser aprovada pelo Plenário em dois turnos, antes de seguir para o Senado. No Senado, outra proposta (PEC 33/09)sobre o mesmo assunto também aguarda votação em plenário – o texto foi incluído pelos líderes na lista de matérias prioritárias."

Eis a questão: a qualificação é necessária, os direitos também mas, veja bem... Que profissão "recusa" bons profissionais?
Algo me diz que nada vai mudar(assim como não mudou quando houve a queda do diploma em 2009) Os bons profissionais, mesmo que historiadores, sociólogos, cientistas politicos,etc., continuarão munidos de ações e representações.
A questão é: SER (um bom jornalista )e não TER(um diploma)!
Me parece que "no final das contas"as coisas serão mais uma vez paradoxais e a mudança nada mudará.
Por @carolinamandu

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Trololó da oposição.

‘Se você, caro telespectador, chegou até aqui neste texto, não estranhe o silêncio à sua volta.’É assim que Ernesto Rodrigues, o Ombudsman da Tv Cultura, caracteriza a atual Tv Cultura que segundo ele é mais elogiada do que realmente assistida.Se considerados os últimos episódios extraordinários da emissora temos um grande impasse: onde foi parar a liberdade de imprensa? O silêncio permanece.
Apesar da não atualização de seu site e da, segundo o próprio Ernesto, ausência de pronunciação,a Tv Cultura twittou e os twitteiros de plantão difundiram: Marilia Gabriela é a mais nova apresentadora do programa “Roda Viva”. E Hérodoto Barbeiro? Ah veja bem... Este sumiu misteriosamente. A culpa? É do pedágio...
Bastou, segundo rumores, o apresentador questionar Serra sobre as altas taxas cobradas nas estradas, no último dia 21, que como em um passe de mágica Heródoto foi demitido.
Para Serra, o conceito de que os pedágios são caros não passa de um ‘trololó petista’ que é reproduzido por certos jornalistas. A sentença dita ironicamente não intimidou o jornalista que contra argumentou dizendo que na verdade o que ele chama de trololó é apenas a constatação de um fato. Serra, nitidamente irritado, desvia o seu olhar do foco, que até então era para o entrevistador, e cita a existência de rodovias que tiveram seu preço reduzido a metade em seu mandato (Serra omitiu um pequeno detalhe, o pedágio anteriormente havia sido dobrado... Memória fraca do tucano!) e sem deixar que o jornalista prosseguisse, encerrou dizendo que a maneira com que articula a taxação das estradas é uma forma de ‘economizar vidas’.
A ‘vida’ de Heródoto, porém, não teve salvação. Após a entrevista o jornalista foi substituído por Marilia, que, diga-se de passagem, atrai certo olhar apreensivo para o futuro do programa. Afinal a apresentadora não apresenta um histórico com programas do estilo do ‘Roda Viva’.
Três dias após a substituição: Gabriel Priolli, recém promovido e... recém demitido. O jornalista que há uma semana trabalhava como diretor de jornalismo da Tv Cultura foi demitido do cargo após, curiosamente falar( ao menos planejar falar ) a mesma palavra (não) mágica que inflamou a discussão entre Heródoto e Serra.
O jornalista como uma de suas primeiras ações no cargo planejou uma matéria sobre pedágios paulistas. A matéria iria abordar os valores dos pedágios, as condições das estradas e ouvir, inclusive, opiniões de Aluisio Mercadante e Geraldo Alckmin (companheiro de ‘tucanissses’ de Serra).A matéria, porem teve que ser rapidamente substituída por outra, sobre as viagens dos candidatos, por ordens superiores. Apesar de acatada, a ordem foi apenas a previa do que mais tarde aconteceria com Priolli. Ontem, no dia 08 de julho de 2010, Priolli assim como Heródoto foi demitido.
Temos fato contra fato. O alto custo dos pedágios, com a coincidência (inacreditável!) de duas demissões de dois jornalistas de uma mesma emissora que tiveram a triste (ou feliz) idéia de abordarem um tema que assombra milhares de paulistas, mas parece assombrar ainda mais o candidato a presidência José Serra.
Eu só espero que este blog não saia do ar por ter falado a palavrinha (não) mágica. Ou seria esse apenas um ‘trololó da oposição’?


Por @carolinamandu